- um desafio à minha e à vossa capacidade de interpretação artística
Bruxa Mimi
A Magia gosta de desenhar. Claro que os desenhos são maioritariamente um conjunto de riscos à toa, mais ou menos carregados. De vez em quando desenha uma "quase bola" (a linha fica fechada, mas mais oval/bicuda do que redonda).
Hoje ofereceu-me este desenho que aqui vos mostro. Olhei e pensei: "Mais uns riscos à toa". Ainda assim, perguntei:
- O que é que desenhaste?
Magia, indicando a linha vertical do lado esquerdo: Isto é "uma perna" [não disse a quem pertencia a perna].
A seguir, apontando para cada uma das quatro figuras semelhantes, disse:
- Isto é uma abelha; isto é outra abelha; isto é outra abelha e isto é outra abelha.
Olhando para as figuras, não consegui ver abelhas, até a Magia abrir os dois braços enquanto dizia: "São as asas, assim!".
Imediatamente o meu espírito tacanho e pouco dado à Arte Abstrata se abriu, e consegui ver claramente as abelhas!
No domingo passado fomos ao Jardim Zoológico de Lisboa.
O Rogério só lá tinha ido em criança (há mais de 40 anos, presumo, porque ele não me disse que idade exata tinha quando foi).
Eu fui em criança, também.
Voltei a visitar o Zoo de Lisboa quando estava a tirar o curso, para fazer com colegas um trabalho (um vídeo sobre animais, que depois editámos, com texto e áudio, para ser futuramente usado em aulas de inglês). Infelizmente fazer cópias do trabalho não estava ao nosso alcance, de modo que só um elemento do grupo teve a felicidade de ficar com a cassete de vídeo - sim, leitores mais novos, nem DVD tínhamos... - e não fui eu. Claro que não sabíamos, na altura, que eu seria a única do grupo a optar pelo ensino da língua inglesa - se soubéssemos, teria sido eu a ficar com a cassete, e talvez a tivesse conseguido copiar para DVD, mais tarde (nem que fosse com ajuda do querido Gato Rogério!).
Regressei ao Jardim Zoológico como professora, em várias visitas de estudo acompanhando a minha turma do momento, mas tendo de gerir a visita também com os restantes professores e turmas da escola. Estas visitas eram, por norma, experiências giras e enriquecedoras para os alunos, mas quase sempre muitíssimo cansativas e stressantes q.b. para nós, professores, porque quando vamos ao Zoo com os alunos, vamos nós e mais umas tantas escolas. Aquilo é um engarrafamento de crianças e de grupos que muitas vezes se torna caótico. E as filas para o comboio, para o Show dos Golfinhos, para o teleférico, para as casas de banho, ..., para tudo, nessas visitas, eram sempre gigantescas. Uma canseira.
A Vassoura, a Varinha e o Feitiço já tinham ido ao Zoo, com a escola ou em festas de anos, já não sei quem fez o quê.
Para mim, a experiência de ontem foi a melhor - mesmo tendo em conta a atual situação de pandemia.
O Zoo de Lisboa não obriga os visitantes a usarem máscara, mas recomenda que o façam. Muitas pessoas estavam de máscara, com ela a tapar o que é suposto. Outras levavam a máscara na mão, ou enrolada junto ao pescoço. Muito mal mascarados!
Nós, excetuando a Magia, que tem três anos, estivemos sempre com máscara. Tirámo-la para almoçar (comemos no McDonald's, que é algo que guardamos para ocasiões especiais, o que torna especial a própria ida ao McDonald's) e, no meu caso, durante o percurso no teleférico (quando me ocorreu fazê-lo, já a viagem ia a meio).
Acho que uma pessoa se consegue habituar à máscara na cara. Só agora posso dizer isto porque só agora tive a experiência de muitas horas seguidas com máscara - um ótimo treino e mentalização de que não será o fim do mundo, quando tiver que o fazer nas aulas.
Aspetos positivos da experiência, sem nenhuma ordem especial:
- toda a parte dos animais, que foi o que nos levou lá, para começar! 🐺🦁🦒🐮🐻🐨🦓🐒🦍🦧🐅🐆🐎🦌🦏🦛🐂🐃🐄🐖🐑🐐🐫🦘🐘🐇🐊🐢🐬🦆🐓🦃🦢🦜🦩🦚🐦🐧🐤;
- a limpeza do espaço - acho que não vi lixo em lado nenhum (tão bom!) - correção: vi bocados de papel no chão da casa de banho, que, com ajuda de mais papel, apanhei e coloquei no caixote;
- as casas de banho - não havia fila em nenhuma das vezes que lá fui (situadas em locais diferentes), não cheiravam mal e tinham papel higiénico em todas as divisórias (pareceu-me - não investiguei para relatar com rigor). Gostei que houvesse casas de banho só para crianças (em que qualquer adulto acompanhante pode entrar, claro), com sanitas pequeninas, menos intimidantes para a Magia, que só fez alguma coisa da segunda vez que pediu para ir;
- não haver fila para o teleférico, de tal modo que até deu para andarmos duas vezes, uma logo a seguir ao almoço e outra antes de nos virmos embora. Da segunda vez fiquei "em terra" com a Magia;
- haver vários locais com desinfetante ao longo de todo o Zoo, estrategicamente colocados. Não apanhei nenhum que estivesse vazio;
- o comportamento dos quatro descendentes, de uma maneira geral (o Gato também se portou bem 😉😁😂), e, em especial, da Magia, que nunca pediu colo, não fez birras, almoçou lindamente, não se sujou (nem com comida, nem com necessidades fisiológicas) e tornou a experiência mais mágica para todos.
Aspetos menos positivos da experiência, sem nenhuma ordem especial:
- o preço dos bilhetes - podiam ter um preço para famílias, independentemente do número e da idade dos descendentes (pelo menos enquanto menores);
- o rolo de papel das mãos, nas casas de banho, estava colocado à solta em cima das bancadas, perto dos lavatórios. Resultado: como as bancadas apanham água, parte do papel estava molhado. Havia secadores de ar a funcionar, por outro lado;
- o facto de todos os espetáculos estarem inativos, assim como o comboio, o reptilário e outros espaços (poucos, relativamente a tudo o que há para ver);
- o facto de algumas pessoas desrespeitarem as distâncias, nos locais em que havia marcas claríssimas no chão;
- o facto de algumas pessoas (à tarde mais do que de manhã) estarem sem máscara.
Balanço final: valeu muito a pena e foi um marco neste verão, que tem sido sobretudo caseiro. Veremos o que nos reserva o tempo de férias que ainda temos...
Feitiço, do lado de fora da casa de banho: Mamã, se me deres um abraço*, eu faço tudo o que tenho de fazer.** [Pausa.] Por isso não te vou deixar dares-me um abraço! [riso do tipo vilão]
*Os meus abraços têm uma cotação excelente na bolsa familiar.
Acordou seca de manhã, comeu e só depois fez xixi. Eram nove e tal da manhã.
Até ao almoço, não fez xixi.
Almoçou.
Foi ao bacio. Esteve lá bastante tempo. Não fez xixi.
Foi para a cama. [Pensei que era fatal como o destino que iria molhar a cama.]
Horas depois, quando o Rogério a foi buscar, ela estava sentada na cama, sequinha.
Não quis fazer xixi nessa altura, quis lanchar primeiro.
Lanchou.
Foi ao bacio e fez xixi.
Sei que acidentes acontecem e tudo o mais, mas a experiência de ontem deixou-me confiante que, no caso da Magia, não há razão para haver muitos acidentes... 🌞🌞🌞
Antes de rezarmos em família, a Magia esteve no bacio e fez xixie 💩 (e pelo meio deu uns puns).
Depois de rezarmos, disse que precisava de fazer ➕ xixi, ➕ puns e ➕ 💩. Vi que aquilo era a habitual manobra de diversão para adiar a ida para a cama, mas não deixei de a levar ao bacio, atendendo a que estamos em plena Missão Sequinha 2020.
Pois bem, que fique registado que a Magia, ao contrário de tantos políticos por esse país e mundo fora, prometeu[bem, prometer, não prometeu, na verdade] e... cumpriu (as três promessas)!
Enquanto cumpria a promessa, jogou comigo às escondidas de um pequeno livro (eu escondia, ela encontrava, sem sair do bacio, claro - o esconderijo era sempre um bocado visível).
Quando finalmente a deitei, no quarto que partilha com as irmãs, cantei-lhe o Vitinho, em português, inglês, francês e alemão (estas duas últimas em versões ultra-reduzidas), como de costume, disse "Boa noite", mandei beijinhos às três e dirigi-me à porta para sair do quarto.
A Ana de Deus lançou um desafio à blogosfera no geral e a mim em particular (não mais particular do que outros blogues, entenda-se). Desafio aceite e cumprido! 😃
É um desafio difícil! Escolher as melhores férias, aliás, não é difícil, é impossível. Tenho recordações de férias da infância, muito simples, mas ótimas, tenho recordações de férias em que viajei (cá dentro ou para o estrangeiro) e adorei, tenho recordações mais recentes de férias, como mãe, cansativas (de longe as mais cansativas!), mas cheias também de boas memórias… Como escolher? Não escolhendo!
As melhores férias da Bruxa Mimi
O que as melhores férias têm em comum é serem passadas com pessoas de que gosto, o terem muitas e longas conversas, jogos, animação, confusão. As melhores férias têm pouca tecnologia, pouco ou nenhum écran, muito contacto visual direto, muitas gargalhadas. Embora eu goste de viajar e conhecer novos locais (ou voltar àqueles onde fui muito feliz, como a Escócia), acho que as melhores férias podem ser passadas a sair e a vir dormir a casa todos os dias (não há cama como a minha!)… As melhores férias às vezes são as sonhadas, mas as atuais não são de desperdiçar!
O facto de a Magia estar a ter sucesso tem-me dado alegria, claro, pela realidade atual, mas também me tem servido para olhar com benevolência para o passado molhado da Vassoura, da Varinha e do Feitiço.
Benevolência para com os meus descendentes, mas também - e sobretudo - benevolência para com a Mimi-mamã dessa altura.
Mães (e também pais, vá, embora o peso esteja quase sempre sobre os ombros das mães) que lidam com crianças que nunca mais* largam as fraldas: tenham calma, relaxem, vocês estão a fazer tudo bem, deem tempo ao tempo e às vossas crianças, respirem fundo, não se zanguem, é mesmo só uma questão de tempo! Ah, e não comparem as vossas crianças com os primos, os filhos dos amigos ou os colegas. Ninguém ganha nada com isso.
Cada criança tem o seu ritmo para cada aquisição que - mais cedo ou mais tarde - vai fazer.
Ver a Magia a acordar seca (da sesta e após a noite) aos 3 anos quando:
- bebe água antes de ir para a cama;
- come uma quantidade normal de sopa ao almoço e ao jantar;
e os irmãos acordavam molhados de manhã, aos 5 anos - ou aos 6 -, apesar de:
- comerem menos sopa ou nenhuma sopa ao jantar;
- nunca beberem água antes de irem para a cama;
- serem postos a fazer xixi, à noite, antes de nós, pais, irmos para a cama...
... torna evidente que, por mais medidas que tomássemos, na altura dos primeiros três, eles não tinham a maturidade física necessária para conseguirem controlar a bexiga enquanto dormiam.** Ao adormecerem, a comunicação cérebro-bexiga desligava e a bexiga ficava por conta própria (do tipo: "patrão fora, dia santo na loja") e lá se ia o xixi. A comunicação de tal forma desligava que eles nem acordavam quando ficavam molhados. Às vezes, devido ao calor, de manhã já estavam secos, e achavam, inocentemente, que tinham passado a noite sem fazer xixi, mas o [meu] olfato garantia o contrário.
A verdade é que não houve soluções milagrosas. Houve incentivos, sim, mas esses funcionaram como meros adornos. A chave para esta questão está mesmo no tempo. E na paciência. E na máquina de lavar roupa. E, já agora, numa pequena dica (não para resolver, mas para simplificar o dia-a-dia): colocar o resguardo do colchão ao contrário, com a parte plástica para cima, permite que nem sempre tenhamos de o lavar após uma noite não-seca - passa-se uma toalhita e deixa-se secar. Caso contrário, não há resguardos suficientes, em especial quando o tempo não está assim tão quente!
*"Nunca mais" é uma expressão vaga, intencionalmente, porque varia de mãe para mãe e de pai para pai. Se calhar para algumas mães o processo atual da Magia já vinha tarde... Eu compreendo que assim seja, pois tudo é relativo... Casos como os dos meus filhos não são anormais, mas também estão longe de serem a maioria. E é isso que nos atormenta. Por isso repito: não comparem as vossas crianças com as outras. Não vale a pena.
**No caso do Feitiço, mesmo acordado, a coisa foi mais complicada, e aí havia também a componente da maturidade psicológica (ou simplesmente feitio? Confesso que não tenho certeza de qual dos dois teve mais peso.)...
O post já vai longo, mas não quero deixar de dizer a todos os parents que têm descendentes que aos dois anos já nem sabiam o que eram fraldas: Boa! Parabéns! Mas não se gabem muito - foi mais sorte que arte...