A viagem da Vassoura
(ou como as entranhas andam às voltas)
Já algumas vezes li posts de mães a referir a angústia que sentiam quando os filhotes saíam pela primeira vez (ou não) com a escolinha, num passeio, ou com a escola, numa pomposa visita de estudo. Quase sempre reconheciam que não tinham razão para estar assim, que iria ser uma boa experiência para os filhos, etc. e tal, mas que não conseguiam evitar.
Ao ler os referidos posts, sentia-me um bocado E.T.. Já tinha passado por isso e nunca tinha dado a devida importância, nunca tinha sentido angústia, confiava nos adultos que acompanhavam o(s) meu(s) rebento(s) , confiava que tudo correria bem, sentia-me tranquila. Senti-me tranquila inclusive quando foram com a escola num dia de manhã cedo e regressaram ao fim do dia seguinte (a Vassoura já por duas vezes, a Varinha uma vez). Seria pior mãe por isso?
Hoje percebi (comecei a perceber ontem, na realidade) que não sou imune a esta questão dos filhos fora do alcance das asas. É só uma questão de distância e tipo de viagem...
A Vassoura está neste momento num avião, sozinha (sem contar com a tripulação e os restantes passageiros - vocês percebem o que eu quero dizer com "sozinha"). Vai ter com a Matilde, o Matildo, a Matildinha e o Matildinho. E enquanto não chegar, sã e salva, às mãos da Matilde*, eu tenho as entranhas às voltas. Ontem à noite, a meio do jantar, foi quando me caiu a ficha: de repente, parecia que ia ter uma reunião de pais (a estas é que eu devia ser totalmente imune e não sou, infelizmente!) - começou a doer-me a barriga, com cólicas, e descarreguei algo a cuja descrição vos poupo.
Dormi mais ou menos bem - acordei várias vezes para ver as horas (parte má) e adormeci no instante seguinte (parte boa).
Ao tocar o despertador, o Rogério e eu parecíamos uns autómatos: nem mais um segundo ficámos deitados. Rezámos, como habitualmente, e foi muito rapidamente que o Rogério e pouco depois a Vassoura ficaram prontos para sair. Eu fiquei em casa com a restante família, toda a dormir, menos eu, que, em casa, fui acompanhando o que se passava no aeroporto.
Relativamente à hora que tínhamos pensado, não houve qualquer atraso (nem a sair de casa, nem a chegar ao aeroporto), mas... pensámos mal. A Vassoura esteve quase a perder o avião! Quando o painel dizia "última chamada" para o voo dela, ainda não estava no local de embarque e, como estava sozinha, nós (o Rogério, no aeroporto; eu, em casa) não podíamos fazer nada para a ajudar. Ela chegou mesmo a escrever "Vou perder [o avião]" no meu telemóvel antigo que, nestes dias, se tornou o dela, com um número novo.
Bem, a verdade é que apanhou o avião, que está neste momento no ar, e que as minhas entranhas estão a dar-me um momento de relativo descanso.
Aprendizagem do dia: independemente da hora do voo, do número de passageiros, de ter ou não feito check-in online, de ter ou não bagagem de porão, chegar duas horas antes ao aeroporto é uma excelente ideia! Antes à seca, no local de embarque, do que em stress, a caminhar para lá!
*A quem é que eu quero enganar? Só ficarei verdadeiramente descansada quando a Vassoura me chegar novamente às mãos!