How I met your father - Episode 11
Kids,
Contei-vos que decidi falar com a X e o Y (ver episódio anterior) ao mesmo tempo e disse que contaria tudo hoje. Então cá vai...
Combinei com os dois conversarmos em privado. Num intervalo, sentámo-nos nos degraus das escadas mais perto da nossa sala-base (onde tínhamos a maior parte das aulas). De uma forma simples e direta, pu-los a par dos meus sentimentos iniciais, de um pouco do meu "percurso amoroso" [se é que se pode dar este nome ao que vos tenho contado!] mais recente, e de como, ao ser confrontada com o namoro deles, achara que faziam um bom par. Disse-lhes também a razão que me levara a estar a falar com os dois em simultâneo.
A conversa decorreu tranquilamente. No fim, sentia-me aliviada e feliz por ter feito o que estava ao meu alcance para manter a amizade com os dois. Não me devo ter saído mal, pois ainda hoje, passados 24 anos, sou amiga de ambos!
Se calhar despertei-vos a curiosidade sobre o futuro daquele namoro. Mesmo que não tenha despertado, digo-vos o que aconteceu, sem pormenores (que esta rubrica não é sobre a vida dos outros): no fim do segundo ano do curso já não namoravam. Claro que o fim do namoro afetou um bocado (talvez muito, na altura, e só agora me pareça pouco) a organização dos grupos de trabalho a que me referi noutro episódio. Tanto quanto me recordo, trabalhei muito mais vezes com a X do que com o Y, mas continuei a dar-me bem com os dois (embora bastante mais próxima dela do que dele).
O Y terminou o curso de professor, mas nunca exerceu a profissão. Ainda durante o curso, regressou ao trabalho que tinha antes de entrar para a universidade, e é nele que ainda hoje trabalha. Curiosamente, deixou de ser meu colega para ser colega de profissão da minha irmã Magda, na mesma empresa que ela! Bem se diz que o mundo é pequeno...
Alguns anos mais tarde, a Magda disse-me que eu só não namorara com o Y porque não quisera, porque o tinha tido "nas palminhas das mãos", que ele me achava "muita piada". Não sei com que palavras lhe respondi, mas certamente mencionei que ele tinha sabido que eu gostara dele e que só não arriscara abordar o assunto comigo porque não quisera.
Não sei se a Magda está certa. O Y pode muito bem nunca ter posto sequer a hipótese de namorar comigo; é aliás o mais provável. Que ele me acha piada, sei-o bem, mas é mesmo isso, ainda hoje: ele acha piada ao meu humor (nem toda a gente "puxa" por esse meu lado). Quando falamos ao telefone, quase sempre há gargalhadas da parte dele, devido a coisas que eu digo. Mas não são gargalhadas de gozo, são gargalhadas de pura boa-disposição. Eu tenho esse efeito nele, há muito tempo, e gosto disso, porque as gargalhadas que ele dá contagiam-me, e também eu me rio.
Eu estive no primeiro casamento do Y e no casamento da X, mas, dos dois, só a X (com o marido e as filhas mais velhas) esteve no meu casamento com o vosso father. Isto aconteceu simplesmente porque durante alguns anos, e sem nenhuma razão especial, o contacto entre mim e o Y esmoreceu (por outras palavras, morreu). Desde que voltámos a falar, temos mantido um contacto não muito frequente, mas suficiente para que o contacto não volte a morrer!