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Alheia a tudo... ou talvez não!

Blogue da Bruxa Mimi. Marido: Gato Rogério. Filhos: "Vassoura", "Varinha", "Feitiço" e "Magia" (17, 16, 14 e 7 anos).

11.02.18

Sobre o parto e os primeiros dias da Magia


Bruxa Mimi

[Nota prévia e importante: este texto estava nos rascunhos desde que a Magia fez uma semana. Reconheço a força das hormonas de quando o escrevi. Reconheço o sofrimento por que passei. Gostava de ter escrito outras coisas. Gostava de ter tido outras coisas para escrever. Passou-me pela cabeça apagá-lo, atendendo a que a Magia fez ontem nove meses e isto "cheira" a passado, e a um passado não muito feliz. Mas decidi publicá-lo sem fazer alterações, nem acrescentos, excluindo esta nota prévia.]

 

Há uma semana por esta hora (e várias horas antes desta e muitas horas depois!) eu estava no hospital. Eu e o Rogério tínhamos pensado que ao fim da manhã ela [a Magia] já deveria ter nascido... Como nos enganámos! A  Magia nasceu depois das dez e meia da noite.

 

O parto da Magia fez-me lembrar o da Vassoura, pois passei por momentos de dor e frustração que não consegui aguentar. A certa altura, só conseguia murmurar (praticamente sem som - o Rogério não me ouvia) várias frases curtas, do género: "Faça-se a tua vontade e não a minha.", "Tu queres, Jesus? Então eu também quero.", "Nós, Jesus,...". Podem parecer patetices a alguns leitores mais extraterrestres (vocês sabem quem são), mas murmurar estas frases em modo non-stop ajudou-me. Não me tirou dores, mas ajudou-me a dar-lhes um sentido. Bem, na altura não lhes dei nenhum sentido especial, limitei-me a juntar a minha dor à de Jesus.

 

Ao longo desta semana tenho vindo a apaixonar-me cada vez mais pela Magia.

 

O que ainda não é nada mágico é a amamentação. A Magia já consegue fazer uma boa pega, apesar das dificuldades específicas que os meus mamilos causam, mas há uma enorme diferença entre conseguir e fazer sempre. Todos os dias faz várias pegas mal feitas e quem paga são os meus mamilos. Não há maneira de cicatrizarem. Para quem não é mãe e me lê, sim, se não se for abençoada com um processo fácil (caso, entre outros, da minha irmã Margarida, que por três vezes passou pela experiência de dar de mamar como se de nada se tratasse), pode-se sofrer bastante com o processo de amamentação e ter feridas nos mamilos é apenas um dos problemas.

 

Apesar destas dificuldades, às quais se acrescenta uma perda de peso da Magia para além do desejável, eu quero e vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que o leite materno seja o alimento exclusivo da Magia durante os primeiros seis meses, tal como recomenda a OMS, e tal como eu sempre quis (e não consegui com nenhum dos mais velhos).

 

Acho que a maior parte das pessoas é obcecada com o peso dos bebés, se eles não aumentarem muito de semana para semana. Parece que ter um percentil baixo é crime! Essas pessoas (maioritariamente médicos, mas não só) são as mesmas que falam contra a obesidade infantil. Do oito para o oitenta.

 

Eu não quero que nenhum filho meu passe fome, nem em bebé, nem em altura nenhuma. Mas irrita-me profundamente que, depois de avaliar o bebé e dizer que está a desenvolver-se muito bem, está muito desperto, faz tudo o que é suposto fazer para a idade, se esqueça tudo isso e se tome o número da balança como o único indicador se as coisas estão a correr bem ou mal - sendo que mal é não estar a aumentar de peso como eles querem.

 

Uma amiga que tem dois filhos crescidos, adultos, ainda se lembra muito bem dos primeiros tempos. Também os filhos dela estavam sempre no nível baixo do percentil. Não tiveram suplemento e sempre foram saudáveis e desportistas.