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Alheia a tudo... ou talvez não!

Blogue da Bruxa Mimi. Marido: Gato Rogério. Filhos: "Vassoura", "Varinha", "Feitiço" e "Magia" (17, 15, 14 e 6 anos).

08.07.13

Também eu fui toupeira (aviso: este post é muitíssimo longo)


Bruxa Mimi
Depois de ler este post da Alexandra, a Grande, comecei a escrever um comentário, mas apercebi-me que iria escrever tanto que mais valia fazer um post sobre o assunto e depois, se achasse que valia a pena, ir lá deixar o link.

Eu lembro-me de, quando andava na Primária (eu sou do tempo em que havia Primária; agora o equivalente chama-se 1º Ciclo do Ensino Básico), ir alguém da área da Saúde (médic@ oftalmologista, espero, mas não garanto que fosse) fazer exames aos olhos a todas as crianças da minha sala (não faço a mínima ideia se iam a todas as salas, ou se o exame era sempre e só às crianças de determinado ano de escolaridade).

Os ditos exames não eram bem exames, pois ninguém nos observava os olhos, eram apenas aquele exercício (que eu sempre encarei com gravidade, quase como um teste) de dizermos as letras que estavam no cartaz, conforme iam sendo apontadas. Se calhar era apenas uma atividade de despiste, para encaminharem as crianças que dessem sinal de precisar de ser vistas mais a sério.

Ora, a mim nunca me encaminharam para nenhuma consulta da especialidade e eu nunca achei que visse mal para o quadro, na escola, nem para lado nenhum, fora dela, por isso, segui a minha vida sem óculos, feliz e contente. Verdade seja dita que a ideia de usar óculos nunca me inquietou. Mas se não precisava, tudo bem!

Mais tarde, com 11 anos, perto dos 12, fui uma vez com a minha mãe e a minha irmã #2 ao "Sol de Algés" (lembro-me de ir, mas não me lembro de lá estar, talvez porque a ida ficou tão gravada na minha memória que apagou o resto). Para mim, era a primeira vez que ia ao "Sol de Algés", por isso, enquanto caminhávamos para lá, eu perguntei se faltava muito para lá chegarmos. A minha mãe e a minha irmã responderam-me qualquer coisa como:

- É ali ao fundo, onde está o cartaz a dizer "Sol de Algés".
Eu, sem ver nada: Onde?
Elas: Ali!!! Não consegues ver? Vê-se tão bem!
Eu, que entretanto já conseguia ver, pois tínhamos avançado: Ah, sim, estou a ver!
Elas: Mas tu há bocado não conseguias ler o cartaz?!?
Eu: Não...

Depois deste episódio, a minha mãe apressou-se em marcar-me uma consulta com um oftalmologista (assustou-se mesmo)! Na consulta, o diagnóstico foi que eu tinha miopia, mais dioptrias no olho direito do que no esquerdo. Não me lembro dos valores exatos (tenho pena!), mas eram tipo 1,25 e 1,75. Se quando é miopia se escreve com um "menos" antes do número (tipo -1,25), não sei, nem me interessa (mas não tenho raiva a quem sabe).

A minha mãe, já queimada num diagnóstico semelhante que fizeram (erradamente) à primeira filha quando era muito, muito pequenina (quase vinte anos antes), resolveu, prudentemente, pedir uma segunda opinião.

Na segunda consulta, com uma oftalmologista, confirmou-se o diagnóstico: eu tinha miopia. Só que esta médica disse que eu tinha uma miopia muito mais avançada do que dissera o primeiro médico: 3 dioptrias no olho esquerdo e 3,5 no direito.

Perante este segundo diagnóstico, a minha mãe lá se convenceu que eu tinha miopia. Mas como desempatar entre os dois médicos? Pedir uma terceira opinião? Não. Fazer um-dó-li-tá? Não (acho eu!).

A minha mãe foi muito prática. Escolheu o primeiro médico, que tinha consultório mesmo ao pé da nossa casa - e que não dissera uns valores absolutamente exorbitantes para quem começa a usar óculos.

A escolha foi absolutamente certeira e o médico foi o meu oftalmologista durante muitos anos. A recomendação inicial foi a de usar os óculos apenas para algumas atividades, mas eu gostei tanto de ver tudo tão nítido, que só não os usava para dormir e para lavar a cabeça. Quando vemos mal, mas não temos noção disso, é uma coisa; quando percebemos a diferença entre ver bem e ver mal, não queremos ver mal!

Aos 17 anos, "empurrada" pelo meu pai, comecei a usar lentes de contacto. Digo "empurrada" porque sempre me fizera confusão a ideia de meter coisas nos olhos (ainda agora faz), mas foi muito boa ideia, e lá me consegui adaptar.

Com as lentes tive alguns episódios interessantes, como estar no cinema e saltar-me (literalmente) uma lente para fora do olho. Este secara tanto, que a lente secara também e deixara de aderir ao olho... Felizmente andava com a caixinha das lentes comigo, por isso retirei a outra lente e guardei as duas na caixa. Acho que tinha os óculos comigo (se não tinha, não consegui ler as legendas, isso é garantido).

Aos 25 anos, o meu pai levou-me a dar um passo em frente: falou-me da operação a laser que poderia fazer, que já era bastante segura (ele andara a ler sobre o assunto) e que ficaria com a "coisa" resolvida. Lá se arranjou uma referência, e fui a uma consulta com um eminente Professor Doutor (no mínimo), para ele avaliar se eu podia ser operada. Uma das condições era estar há alguns anos com a mesma graduação (eu estava), a outra estava relacionada com os próprios olhos (não sei se me faço entender). Deu-me o OK e perguntou-me se queria operar os dois olhos no mesmo dia ou em dias diferentes. Como no seu entender não havia nenhuma contra-indicação em operar os dois olhos de seguida, foi isso que decidi fazer.

No dia da operação aos olhos, a minha mãe acompanhou-me, para me dar apoio moral e apoio literal no regresso a casa. Da operação, recordo o som (tsstsstss) e o cheiro (carne assada tipo chouriço).

No pós-operatório, a parte melhor foi ficar logo a ver bem! A minha mãe estava admiradíssima por eu não precisar de ajuda para descer as escadas de acesso ao metro, mas eu via mesmo bem (e era uma sensação ótima)! A parte chata foi ter de dormir com umas proteções nos olhos, para não entrar lá nada.

Ah! Outra parte muito boa, para mim, foi o facto de terem sido os meus pais a pagar a operação (que custou um balúrdio), sob pretexto (cómico) de, segundo eles, me terem feito com "defeito" e terem o "dever" de pagar o "arranjo". Depois, obviamente, o reembolso da ADSE que recebi foi para os meus pais (reduzindo o balúrdio a metade, ainda assim um balúrdio).

Esta operação foi das melhores coisas da minha vida. Ainda hoje me lembro de como é ver mal e da sensação maravilhosa de passar a ver bem.

P.S. - É claro que me "estiquei" (e muito) para além do que escreveria no comentário que referi no início. :-)

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